terça-feira, 27 de abril de 2010

Gato escaldado

Meu eu dos 14 aos 24 anos era a coisa mais fofa do mundo. Romântica, intensa. Meu coração acelerava e desacelerava feito criança em loja de brinquedo. Quando o amor me pegava, eu nem pensava duas vezes. Enquanto durasse aquele sentimento eu estaria envolvida nele até os cílios, e o resto do mundo que esperasse se quisesse de novo minha energia.

Um coração partido era uma coisa até legal, ouvia um "More Than Words", curtia uma leve dorzinha-de-cotovelo, dessas beeem en passant. Saía com as amigas, caía de 4 de novo na próxima esquina. Nunca, em tempo algum, durante essa época, me preocupei de fato se o amor poderia partir meu coração idealista. Sonhava com o amor eterno, mas não me importava se a eternidade durasse apenas 4 dias ou 4 anos.

Já nos amores adultos, a coisa não foi bem assim. Um ano parecia uma década de amor. Um mês de dor pós-término para cada 3 meses juntos. Quando você termina, parece que metade da sua posse pertence agora à outra pessoa (sentir coceira ou dor no membro amputado, sabe? por aí). Ficar bem imediatamente seria até uma afronta à tudo que vocês viveram. Dito isso, corta a cena e pula para:

- O primeiro mês pós-término

Maneeeiro. Vc não quer sair de casa, vc não quer "ter que esquecer", você não quer ter que beijar outra pessoa, transar então nem com 8 tequilas. Você só queria que tudo pudesse ser diferente, que vcs pudessem viver felizes em wonderland e nunca encarar o mundo real outra vez.
A perspectiva de se apaixonar e começar tudo de novo dá mais preguiça que correr num sábado de manhã de ressaca.

- O primeiro semestre pós-término.

Huuum, legal. Você descobriu que continua muito gata(o), obrigada. Conheceu umas 54 pessoas novas, expandiu seu círculo de amizades mais que roda de festa junina, marcou e fez as viagens mais iradas da sua vida, e fora a saudades (bastaaaante saudades), dá pra acreditar que "daqui pra freeente, tttuuudo vai ser difereeeente"

- Após o primeiro semestre
(esse tempo varia, como eu falei, cerca de um mês de perrengue pra cada mês junto)

Ai, gente, tá ótimo. Você não entende mais porque diabos as pessoas escolhem casar (a vida inteira a mesma pessoa?? Jesus, que tédio. As lagartixas vão cair da parede). Você sente que agora sim, tudo passou. Esse lance de amar e se relacionar é absolutamente cansativo, você planeja não ter mais que lidar com isso. Você só quer planejar a próxima festa, as próximas viagens. Se as coisas estiverem realmente MUITO bem, vc considera o abandono total da monogamia. Mas no fundo, vc deseja que um grande amor te faça voltar a acreditar e desejar tudo aquilo de novo.

- E por fim, a última etapa: O novo amor.

De repente, vc tá lá de bobeira, pensando se as lagartixas vão cair da parede de tédio, quando alguma coisa estranhíssima acontece e dos "caras normais" que cruzam a sua vida de repente vira o máximo. Mas ele não era meio gordo, meio careca, não tinha a perna meio fina?? Não sei, você não lembra, ele agora é o máximo aumentado. De 10 palavras que você fala, 3 fazem menção à ele. Fulano não come pizza de champigon. Fulano tem uma camisa amarela linda. Fulano joga sinuca muito bem, te contei? É, meu bem...cuidado.

Mas daí a voltar a acreditar em amor eterno?? Na instituição do casamento? Se entregar completamente e dar vazão à Felícia que existe em você?

MUITA HORA NESSA CALMA.

Sabe como é, gato escaldado....

Talvez vc seja uma pessoa menos intensa, em todos os aspectos, pro amor e pra dor. Mas certamente na vida assim se tem mais...paz. E quando a gente vai ficando velho, vamos querendo mesmo um pouco de paz...

Um comentário:

  1. Oi Sylvia... desistiu do blog?? to esperando atualizações... hehehehe.
    bjo

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